segunda-feira, 27 de agosto de 2012

The end

Entrou, fechou a porta. Parou, ouviu. Silêncio.
-Onde você estava?
Respirou fundo, virou, a encarou.
-Fui arejar a cabeça, precisava relaxar.
-Precisava relaxar? Eu preciso conversar.
-Agora não.
-Agora não, então quando? Quando você bem entender, quando essa situação se tornar ainda maior? Quando as coisas se encaminharem para o que inevitavelmente estão se encaminhando? O que você quer exatamente, me ver desistindo de você?
Ela agora estava em pé, na frente dele, que a encarava com a chave na mão.
-Eu só quero dormir.
-Quando é que você vai aprender a resolver as situações em que você se envolve? Sempre adiando, sempre deixando pra depois, sempre fingindo que as coisas estão bem, até que tudo explode e você some por 4 horas sem avisar onde foi. Eu quase fui embora, sabia? Minha bolsa está pronta - disse, apontando para o canto do sofá.
Ele olhou para a mala fechada. Ela não perdia essa mania de ser extremista.
-Não tenho mais forças para lutar por você, é só o que tenho para te dizer. - Ele não respondeu. Ela o fitou com inquietude, agora chorando. - Será que você pode dizer alguma coisa, qualquer coisa?
-Pode ir embora.
-Como assim "pode ir embora"?
-Não quero mais você aqui.
Colocou a chave na mesa, tirou o casaco, foi andando para seu quarto e ouviu os três últimos barulhos que a presença dela fariam perto dele: um soluço, as rodinhas da mala e a porta batendo.

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