sábado, 22 de dezembro de 2012

Deduções

"Eu quero andar de mãos dadas com quem sabe que entrelaçar os dedos é mais do que um simples ato que mantém mãos unidas. É uma forma de trocar energia, de dizer: 'você não se enganou, eu estou aqui'. Porque, por mais que os obstáculos nos desafiem, o que realmente permanece costuma vir de quem não tem medo de ficar."
Fernanda Gaona

Porque hoje eu acordei assim, pensativa, analisadora e conclusiva.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Sobre felicidade


Felicidade pra mim é acordar cedinho com o barulho de mensagem chegando. É sentir meu coração sorrir ao ler aquele “bom dia, meu amor”, que faz o meu dia ser bem mais bonito. Felicidade pra mim é ter alguém para compartilhar histórias, dividir momentos, contar segredos sem medo, sem receio. É saber que tem alguém ao meu lado, sempre. Que não somente se torna a minha força nos momentos difíceis, mas que comemora comigo os meus sorrisos, as minhas alegrias e as minhas conquistas como se fossem dele. Felicidade pra mim é ter em quem pensar. É ter com quem sonhar. É ter alguém que torna a minha vida muito mais doce, por existir, e por milhares de outros motivos. Felicidade pra mim é ver a vontade dele de ser mais, de se tornar melhor a cada dia por mim. E para mim. É ver que ele prefere a minha companhia mais do que qualquer outra no mundo. Que ele quer estar comigo a vida inteirinha, e diz que ainda é pouco. Felicidade pra mim é andar de mãos dadas. É ter um lar para o meu coração. É ser abrigo para o coração dele. É ter certeza do querer um “para sempre”, que dia após dia se faz verdade. Se torna real. Felicidade pra mim é receber uma ligação quando menos espero e ouvir do outro lado da linha um “eu te amo”. É estar ao lado, bem perto, e ouvir sussurrado um “você me faz feliz”. Felicidade pra mim é ser o mundo de alguém. É ver o quanto ele precisa de mim. Não por não conseguir viver sem, mas por achar a vida muito mais bonita quando junto à minha. É ver o quanto ele acha graça das minhas manias e aceita os meus defeitos. Felicidade pra mim é demonstrar um amor sem ter vergonha, sem me importar com o que os outros vão pensar. É não deixar de pensar em mim nem nele, mas pensar em nós dois como um só. Felicidade pra mim é querer uma só pessoa ao meu lado todos os dias da minha vida. E saber que o querer dele é tão grande quanto o meu. Felicidade pra mim é amar. Felicidade pra mim é amor. Felicidade, pra mim, é toda uma vida ao lado do Rodrigo Mazzeo.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

"Years"

Adivinha quem voltei? Oi, seus lindos!
Vim postar uma música que tem enchido minhas corridas de disposição. "Years", do Alesso. Alesso é um dj sueco de 21 anos (own) que tá ar-ra-san-do lá fora e chegando por aqui também.
Essa música tem uma edição deliciosa, a voz do Matthew Koma é suuuper legal e a letra mais fofa ainda, dá uma olhada: (...) My hands were tied, but now they're not, so grab on to desire and run away... These will be the years, these will be the years...
These will be the years, alguém discorda? ;)

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Sobre individualidade

Escrevi esse texto inspirada em ninguém mais, ninguém menos do que... tcharammm...

Meu nome é Ivana, mas pode me chamar de "Bebezona"
...nossa conhecidíssima Ivana. Porque "Avenida Brasil" também é cultura ;)
A Ivana é tudo aquilo que a gente nunca deve ser em um relacionamento. Ela é mimada, infantil, insegura e completamente dependente do Max, cretino que faz de tudo com ela. Ela descobre, ele a enrola, ela descobre mais, ele a enrola de novo, num looping eterno.
Agora vamos analisar ponto por ponto para chegarmos onde queremos. Em primeiro lugar, mimada. Não existe nada mais feio e passível de vergonha do que mulher adulta mimada. Criança fazendo pirraça a gente pode até achar bonitinho. Mas daí a crescer e continuar esperneando, chorando, fazendo manha e mimimi, UI! Só de pensar me dá arrepio.
Outra característica terrível da Ivana é a infantilidade. É uma característica que se confunde com a de cima, mas essa é bem mais fácil de identificar. Vamos lá: Ivana chama o Max de "bebezão". Segue dica para levar PARA A VIDA: nunca façam isso. Não existe nada mais ridículo do que usar voz de criança para falar com adultos. Homens costumam fugir disso feito Diabo foge da cruz e, convenhamos, eles estão certíssimos. É ri-dí-cu-lo. Outro aspecto que define a falta de maturidade da Ivana são as ameaças que ela faz quando se sente ameaçada. Redundante, né? Mas faz sentido. Vou exemplificar: "se você for embora eu me mato" ou "se você fizer isso comigo eu não sei o que sou capaz de fazer", demonstrando claramente que não tem nenhuma condição de enfrentar nenhuma situação que seja adversa a algo que ela tenha planejado para a vida dela.
A insegurança dela é mais um dos motivos que fazem com que ela seja tão insuportável. Anota na agenda: mulher insegura boicota qualquer relacionamento. Segurança empina o nariz, relaxa a cabeça e coloca no coração da gente uma certeza: estamos bem com a gente, lindas e de salto 15 agulha antes de estarmos com qualquer pessoa. Insegurança denota autoestima baixa e falta de confiança e nós não queremos passar essa impressão, queremos?
Por último, mas não menos importante, a Ivana é dependente. Existe o amor saudável e o amor obsessivo. Este último para mim não é amor, mas muitos afirmam que é, então vamos citá-lo para não chatear ninguém. Na visão da Ivana, não existe vida sem Max. É fácil ouvi-la dizendo frases como "não consigo/sei viver sem ele" ou "nada tem importância sem ele aqui". Gente, sério. Já falamos disso aqui antes, no texto Metades, mas é sempre bom ressaltar: todo mundo existe por si só. A gente só não consegue viver sem ar. Pessoas não são feitas para serem grudadas, nós somos o que somos por nós mesmos e as demais pessoas servem para acrescentar o que já somos.
A pior parte da dependência de pessoas é que ela vem atrelada à perda da individualidade. "Já que não consigo fazer nada sem ele, ele também não vai fazer nada sem mim". Aí adeus ao futebol das segundas, à novela das 21h, aos papos ou cervejinha com amigas(os) e tudo mais.
Não estou aqui levantando a bandeira do egoísmo. Só estou dizendo que temos que ser capazes de separar a nossa vida da vida da pessoa que amamos. Ainda que a vontade seja tê-lo(a) por perto 24h por dia, temos que ter nossos momentos sozinhos ou com outras pessoas, sem essa obrigação de estar sempre a dois. 
Sobre individualidade, a dica é simples: em um relacionamento, você sempre vai ter que abrir mão de algumas coisas. Quando você faz uma escolha, você tanto perde quanto ganha. Mas se anular? Isso jamais.

Metades

Quanto mais o tempo passa, mais tenho a certeza de que não existe isso de alguém que nos complete. Penso que cada um de nós, por si só, já é 100%, nada disso de "metades".
Toda vez que ouço alguém falar “fulano me completa” penso “antes de você conhecê-lo te faltava a parte de baixo ou a de cima?”. Certeza de que a pessoa, apaixonada e nas nuvens, responderia que sim; que antes de conhecer o fulano da vez se sentia sem chão, sem ar, sem coração, blábláblá.
Não julgo quem pensa de qualquer maneira que seja diferente da minha, mas acho, no mínimo, de uma autoestima absurdamente baixa. Quer dizer que para a pessoa se sentir completa ela precisa de outra? Como assim? Sozinha se sente faltando um pedaço?
Sinceramente? Conheço o amor, achei o amor da minha vida há quase um ano, sou muito feliz com ele, mas sei que grande parte disso se dá por tanto eu quanto ele termos passado por muitos momentos sozinhos que fizeram com que cada um conhecesse a si mesmo e aprendesse a se gostar do que é. Não nos apaixonamos procurando o que nos faltava, nos apaixonamos para somar. Eu + ele = nós, assim como 1 + 1 = 2. Não somos duas metades, somos dois inteiros.
Eu me conheço, me aceito, me tolero; sei das minhas falhas, meus acertos, minhas derrotas, minhas vitórias, onde sou fraca e onde sou forte. Aprendi comigo mesma a mudar e continuar a mesma, aprendi também a manter para sempre os pontos em mim que considero positivos e hoje posso encher a boca para dizer: eu me amo
E você, se ama também?


"Marry me"

Esse post dá início a um marcador novo, êêê! Ele se chama "Playlist" e é onde vou compartilhar as minhas músicas do momento. Muitas delas vocês já vão conhecer há tempos, outras vão ser o lançamento do lançamento, ou algo que vocês já ouviram mas não prestaram muita atenção.
E para começar, uma música e um clip que me fizeram morrer de amores hoje. A banda eu já conhecia, a música não. E olha que é de 2010, hein? Segue:

Enjoy it! ;)

"Monomania"

Já te fiz muita canção, são quatro, ou cinco, ou seis, ou mais; 
eu sei demais que tá demais, 
eu chego com o violão, você só tá querendo paz; 
você desvia pra cozinha e eu vou cantando atrás...

A música-título desse texto é da linda da Clarice Falcão que interpreta, toca e canta lindamente no vídeo acima. Adoro as músicas dela, são lindas, divertidas e ela é uma fofa.
Mas vamos discutir sobre o tema? Na música, Clarice afirma uma coisa que muitas de nós já fizemos, ainda fazemos ou vamos fazer: abrir mão de outros temas para focar unicamente "nele". Quem nunca, né, gente?
É aquilo: começamos a namorar, tudo lindo, cheio de cor, brilho e luz, quando nos damos conta só conseguimos pensar no dito-cujo. E tudo lembra a ele, não é mesmo? Um programa de tv, uma placa na rua, livros, textos e, obviamente, músicas. Ah, o amor...
Tem alguém cega de amor aí?
É aquela famosa fase do, segundo o Rei Roberto, "só vou se você for". Nada tem graça nem faz sentido se ele não estiver conosco. E isso é lindo, né? Na nossa concepção momentânea é. Toda vez que ele solta um "poxa, vamos, se você não for não vai ter graça" a gente se derrete mais um pouquinho feito manteiga no sol.
Mas vamos analisar mais friamente que é para isso que estamos aqui: a fase passa. Os defeitos aparecem e a gente passa a aceitá-los, a paixão esfria e vira amor, a gente passa a querer um tempinho só para a gente, ou um programa diferente, seja com as amigas, os amigos, o pessoal da faculdade ou do trabalho e... cadê esse povo? Ah sim, lembrei: nós os deixamos para trás naquele início grudento.
Forever alone
Partindo do princípio que as suas amigas sejam iguais às minhas e que vocês sejam iguais a mim, essa é a fase em que temos muuuuito trabalho para recuperar o que perdemos. Amigas costumam ser ciumentas e com razão, já cansaram de nos chamar para mil coisas até que desistiram.
A meu ver, precisamos achar um meio-termo. 
Quando estamos solteiras, sempre temos aquele grupo de amigas solteiríssimas que topam toda e qualquer noitada e estão com a gente de sexta a domingo, às vezes até no meio da semana. Elas que enchem nosso copo, enxugam nossas lágrimas, brindam noite após noite com a gente e, principalmente, nos levam para casa. 
Party rock!
Só que, às vezes, a gente começa a namorar e elas não. E elas continuam no mesmo pique de festas enquanto tudo o que a gente quer é um cineminha com o gato. Como proceder? Simples: não existe criatura, por mais caçadora que seja, que saia de segunda a segunda. Vai ter sempre uma tarde/noite livre para você se você se dispuser a estar com ela. E, se você não curte mais boate ou barzinho sem o namorado, isso depende muito do que vocês estabeleceram como regras no namoro de vocês, sempre se pode combinar um lanchinho, um filme na sua casa ou na dela, um cinema, um passeio ou, se a distância realmente for muita, uma mensagem ou um e-mail. A minha melhor amiga morou anos nos Estados Unidos, voltou e continuamos melhores amigas apesar de eu sempre ter namorado e ela ser solteira convicta. Nos falávamos por telefone quando dava e quando não dava era internet mesmo. Sei de tudo sobre a vida dela e ela sabe de tudo sobre a minha. Fica a dica: distância e realidades diferentes não são desculpas para afastar quem se gosta. Claro que há fases e fases, mas temos que saber lidar com isso para não perder a amizade. Enfim, colocar os papos em dia nunca é demais e vai fazer com que a sua amiga se sinta menos distante de você e mais por dentro do que está acontecendo com você agora que você não é mais solteira.
A outra dica é: tem sempre aquelas "amigas" que só reclamam de você ter se afastado. Só por ciúme infantil mesmo, porque elas também se afastaram de você quando você começou a namorar. É aquele clássico "nossa, tá sumida" sendo que a criatura tem seu telefone, seu Facebook, seu Twitter, seu e-mail e nunca deu um pio em lugar nenhum desde que você trocou seu status para "em um relacionamento sério" no Facebook. Aí vale analisar se vale a pena correr atrás. Tem amigas ciumentas que valem a pena, tem outras que só são mimadas e gostam de ser o centro das atenções. Tanto que nem chegaram a te procurar antes de você "sumir", elas acabaram sumindo antes e depois fazem com que você se sinta culpada.
Tem mais: tentar incluir seu namorado sempre nos programas que eram para ser seus com suas amigas não é uma coisa positiva. As suas realidades com seu namorado e com suas amigas são duas coisas diferentes e nem se pretende que sejam iguais, tentar misturá-las pode fazer com que você perca sua individualidade da mesma forma. Fora que pode parecer forçado.
O ideal é tentar achar um meio-termo. Dormir de conchinha com o namorado, mas dar uma ligadinha para amiga no dia seguinte. Ir para a boate de mãos dadas, mas chamar suas amigas e (por que não?) os amigos dele para irem com vocês.
No final, se soubermos balancear, o que fica é o seguinte: seu amor do seu lado sem comprometer suas amigas por isso. E vice-e-versa.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Sonho

"O sonho encheu a noite
Extravasou pro meu dia
Encheu minha vida
E é dele que eu vou viver
Porque sonho não morre."
Adélia Prado

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Como resistir?

"todos caminhos trilham pra a gente se ver
todas as trilhas caminham pra gente se achar, viu? (...)
você passa, eu paro
você faz, eu falo
mas a gente no quarto sente o gosto bom que o oposto tem
não sei, mas sinto, uma força que embala tudo
falo por ouvir o mundo, tudo diferente de um jeito bate..."

E naquele dia, naquela noite, estava ele ali parado com seu sorriso fitando a minha alma, despindo os meus desejos. Não me importava mais o que acontecia à minha volta. Aquele instante era meu. Aquela vontade era nossa. Delicadamente coloria cada pedaço do meu corpo. Tocando-me sem as mãos, falando comigo em silêncio, despindo-me com os olhos, devorando-me em pensamento. E eu, entregue. Com uma certeza: era dele.
Aquele homem me cativava, me trazia à tona toda vez que meus dilemas existenciais me colocavam em baixa. Era ele. E o melhor: ele não sabia disso.
Ele dormia comigo, acordava comigo. Desde sempre, desde o início. Era fantasioso e ao mesmo tempo excitante. Deitávamos e meticulosamente nosso corpo se encaixava. Como resistir?
Eu existia para ele e não precisava de post-its para lembrá-lo. Era torturante saber que eu estava tão presente nele. Nunca fora assim. Eu sempre me deixava perdida, esquecida num canto qualquer devorando as sobras de um relacionamento qualquer. Mas com ele era diferente. Era inédito.
Fitava seu rosto tentando decifrar o que não tinha resposta. Tentava colocar em palavras o que estava perfeito nas entrelinhas. E assim me acostumei com sua presença apenas à distância de uma respiração. Só sabia respirar o mesmo ar de um espaço encaixado entre nós dois.
Era doce dormir nos seus braços e saber que estava me acorrentando a perspectivas. Pensei muitas vezes em fugir, mas quando olhava seu sorriso, que teimosamente surgia depois de uma palavra ou gesto meu, desistia de qualquer plano de dominação mundial. Entregava o meu mundo sem alardes, sem diplomacia ou ordem de despejo. Simplesmente desistia de desistir.
Mesmo percebendo todo o meu embaraço desastrado de tentativas frustradas, ele fingia não entender e me dizia ao pé de ouvido: “vem cá, chega mais perto, me abraça”. Como resistir?
E no instante entre o som e o silêncio residem os sonhos e uma infinidade de palpitações. Residimos eu, ele e seus sorrisos. A certeza é só uma: isso tudo pode ser um sonho, mas desse sonho acordo toda manhã. Com um bom dia, um abraço e um cheiro no pescoço. Como resistir?

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Sobre sentimentos

Apesar dos sorrisos marcarem-lhe o rosto, fracassos e lágrimas marcavam-lhe a alma. Mesmo assim continuava sua caminhada porque o importante era sentir, era ter aquele sentimento latejando, pulsando. 
Emoções à flor da pele, toques que fazem estremecer, respiração ofegante. Isso a fazia sentir. Isso a fazia sonhar. Não era boa com realidades profundas, apenas com sonhos indiscutivelmente supérfluos: um sorriso, uma valsa, aqueles versos de encher qualquer olhar de admiração. Inocente criança num corpo de mulher. 
Assim era seu mundo colorido, na inocência e necessidade de sentimentos urgentes. E se entregava com tenacidade. E se entregava com veracidade. Acreditava que, além do sentimento, aqueles corpos eram sólidos nas suas vontades, desejos, libido. 
Aquilo era um romance, um enredo; amor eterno com intimidade. Todo amor é eterno, por que aquele não seria? 
E quando ficou longe? Ficou travada na garganta a palavra "saudade". Orgulho? Medo? Uma interrogação, nenhuma resposta. Talvez um escudo, um caminhar, uma tentativa de seguir em frente sem lamentações. 
Boas lembranças, somente boas, guardadas na memória e no coração que pesava de saudade. Saudade da pele, do cheiro, da palavra, do gosto. Fatos além da química, da física e até mesmo da língua portuguesa. Como expressá-los em palavras? Tarefa impossível. Saudade. 
E quando tudo voltou ao normal, após o que pareceram séculos de colo, lágrimas e sensações ruins; o suspiro de alívio e o abraço de reencontro. É o que fica. Nesta ciranda poética de lembranças e esquecimentos só resta dizer: viver. Pulsar. Murmurar. Apaixonar. Desistir. Voltar atrás. Tocar. Amar. Entregar. Verbos que dariam uma boa prosa.

Vida muda

Silêncio total
E ausência profunda

O grito
É mais que um pedido
De ajuda

É súplica
E, assim, eu repito:

Vida, muda!

Sobre escrever

Escrever muitas vezes, talvez na maioria delas, não é arte, somente prazer. Escrever por prazer talvez seja também uma arte, porém a ação de fazê-lo nada mais é do que se interessar pelo que gosta e transformar um dom em hobby.
Para mim é assim: transformar pensamentos em palavras e vice-e-versa, jogando-os no papel para fazer com que signifiquem alguma coisa.
E o que é "significar"? Algo que se torne explicável? Traduzível? Passível de ser entendido? Quem escreve por prazer tem mais uma característica: suas palavras só fazem sentido para uma pessoa, ela mesma. Isso não significa falar em códigos para que ninguém a leia ou entenda, nem se esforçar para que suas palavras sejam as mais confusas possíveis, trata-se somente de escrever com um órgão, apesar de o cérebro comandar o ato e a mão direita torná-lo realidade: com o coração.
Quem tem o dom das palavras não quer que a leiam, palpitem, se interessem ou deixem de se interessar. Quem escreve apenas o faz, sem maiores pretensões. E, mesmo que tente fugir de fazê-lo, não adianta, um dia o dedinho coça e... olha lá ela de novo com caderno e caneta na mão!

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Procura-se um amor pra vida toda

Procura-se. Urgente. Dou recompensa, pago um valor altíssimo. Sou prendada, tenho muitas qualidades. Preparo nossa cama, suas roupas, arrumo a casa e cozinho. Tudo bem, não cozinho. Um dos meus defeitos. Mas não faz assim tanta diferença, faz? Eu posso aprender. Não aprendi de preguiçosa que sou. Mais um defeito em um anúncio, isso não vai dar certo. Ou será que vai? Desculpa, sou insegura, indecisa. Tenho milhões de incertezas e mais um milhão de certezas também. Você precisa gostar de animais, tratar bem seus pais, se dar bem com crianças, me dar beijos de boa noite e preparar café antes de me dar bom dia. Precisa se calar quando eu contar histórias tristes, me abraçar logo depois, sorrir, me beijar. Não precisa se preocupar em dar conselhos. É que eu sou meio confusa, meio doida, meio... eu não precisava estar citando meus defeitos aqui, né? É, não precisava. É que sou sincera. Não do tipo "falo tudo o que penso", mas do tipo "sou capaz de te magoar". Me perdoa por ser capaz de te magoar. Tolice, estou pedindo perdão antecipadamente, por que sou assim? Ah, por favor, se você for taurino, leonino ou escorpiano, nem precisa acabar de ler. Nem canceriano porque de chorona já basto eu. Gostar das mesmas músicas, os mesmos filmes, os mesmos livros que eu não garante um amor eterno, mas vai fazer com que eu me interesse por você. Se você pensou "não gosto de livros", por favor feche este anúncio. Como pode uma pessoa não gostar de livros? (Se você concorda, já temos um assunto.) Gosto de sair, usar salto-alto, maquiagem e as roupas que eu bem entender. Gosto de ser beijada em público, de ouvir "eu te amo" quantas vezes forem possíveis, de ir ao cinema, de passear e de viajar. Acho que é só. Só isso tudo. Aguardo contato.

The end

Entrou, fechou a porta. Parou, ouviu. Silêncio.
-Onde você estava?
Respirou fundo, virou, a encarou.
-Fui arejar a cabeça, precisava relaxar.
-Precisava relaxar? Eu preciso conversar.
-Agora não.
-Agora não, então quando? Quando você bem entender, quando essa situação se tornar ainda maior? Quando as coisas se encaminharem para o que inevitavelmente estão se encaminhando? O que você quer exatamente, me ver desistindo de você?
Ela agora estava em pé, na frente dele, que a encarava com a chave na mão.
-Eu só quero dormir.
-Quando é que você vai aprender a resolver as situações em que você se envolve? Sempre adiando, sempre deixando pra depois, sempre fingindo que as coisas estão bem, até que tudo explode e você some por 4 horas sem avisar onde foi. Eu quase fui embora, sabia? Minha bolsa está pronta - disse, apontando para o canto do sofá.
Ele olhou para a mala fechada. Ela não perdia essa mania de ser extremista.
-Não tenho mais forças para lutar por você, é só o que tenho para te dizer. - Ele não respondeu. Ela o fitou com inquietude, agora chorando. - Será que você pode dizer alguma coisa, qualquer coisa?
-Pode ir embora.
-Como assim "pode ir embora"?
-Não quero mais você aqui.
Colocou a chave na mesa, tirou o casaco, foi andando para seu quarto e ouviu os três últimos barulhos que a presença dela fariam perto dele: um soluço, as rodinhas da mala e a porta batendo.

Pensamentos soltos

De todas as faltas que uma pessoa pode sentir, a mais triste é a falta de um sentimento que nunca se teve. Como explicar, como descrever? Aquilo não faz parte da sua rotina, da sua realidade, você não conhece, só ouve falar. Mas sente falta, como dizer... Não, não sei explicar. Mas que faz falta, faz.

De todas as sensações ruins que conheço nesse mundo, a pior é arrependimento. Seja por algo que fez, seja por algo que deixou de fazer. Por falta de coragem de dizer "sim" ou "não", por falta ou excesso de atitude, por confiança de mais ou de menos.

A sua melhor metade

A sua melhor metade não respeitas linhas. Pula cordas, desvia de cercas e brinca de subir em árvores para estar com você. Ela não é uma das metades comuns que você encontra pela vida, nem uma das metades que você já esbarrou por aí. Ela é sua, e não de outra pessoa qualquer. A sua melhor metade não te completa, mas te faz companhia. Ela é melhor que uma metade só porque é um inteiro. E se doa por inteiro pra ser mais que um só com você. A sua melhor metade é bonita sem espelho e reflete em você de forma que nenhum deles pode ver. Ela é passageira ou fica pra sempre. Ela já veio ou ainda vai vir ou pode ter ido embora. Mas não adianta que escrevam canções e escrevam roteiros e escrevam histórias e escrevam destino e se esqueçam dos pontos e se esqueçam das vírgulas e se esqueçam de tudo: a sua melhor metade continua sendo sua.
A sua melhor metade sabe andar de bicicleta e segura o banco pra você não cair. Ela atravessa a rua ajudando velhinhos e te deixa admirado do outro lado com a bondade. Ela sabe ser gentil com o garçom por natureza e não vai traçar planos e fundos para te impressionar. A sua melhor metade falha e pede desculpas. Ela se fere e se machuca e se perdoa e te perdoa e fala coisas da boca pra fora e bate a porta e vai embora e volta arrependida. Mas é só sua quando olha bem fundo nos seus olhos e começa a rir, porque ela não consegue manter um ar sério perto de você. É que você contagia a sua melhor metade com algum riso, por mais estranho ou alto ou fino ou fora de ritmo ou fora de ordem ou fora de tom que você seja. A sua melhor metade joga ping pong e se veste bem dependendo da ocasião. Ela entra em lojas e faz caretas na vitrine e se acha infantil e te dá colo quando você sente falta de casa. Ela é meio criança, assim como você se nega ser. Ela é teimosa e faz biquinho, independente do sexo, da cor, da religião ou do assunto do momento.
A sua melhor metade canta em grego porque não fala inglês e lê livros que você nunca ouviu falar. Ela coleciona um montão de histórias em quadrinhos e toca o sino da porta da frente pra avisar que chegou. A sua melhor metade é uma surpresa. Porque não sabe quando vem, mas ela vem. E vem com flores ou com vinho ou com rosas ou com aquele vestido-cor-de-mar ou com aquele chapéu engraçado ou vem sem nada e deita com você. Ela é quente e te faz sentir calor no frio e calor em dias de sol. Ela te faz transpirar de alegria, de felicidade, de frio na barriga, de medo de perder, de dor de barriga porque comeu muito bolo de chocolate. Nah…a sua melhor metade é comilona, sim. E você acha graça quando ela se lambuza de chocolate ou faz bigode de café ou suja o nariz de sorvete ou joga creme chantilly no seu rosto ou quando faz a barba de shampoo.
A sua melhor metade não está num conto de fadas, nem num reality show, nem nos tal bares e esquinas e muito menos nessa vida virtual que você leva. Ela tá por aí ou por aqui e não tem nada de encantadora aos olhos dos outros. A sua melhor metade toca flauta e faz um som de vez em quando e você passa direto e parece nem ouvir (mesmo que isso seja dentro de casa). Ela é humana e você se esquece disso às vezes jogando toda a culpa, ou a calma, ou o amor, ou a esperança ou o que quer que seja em cima dela. Mas calma… Não se preocupa. Ela é sua. Tão sua que faz barulho baixinho pra não ter acordar e anda na ponta do pé por aí. Tão sua que fica corada quando você olha de relance e descobre um olhar terno e meio abobado na sua direção. Tão sua que é pura desordem, puro pudor, pura energia e pura fantasia (igualzinha a você). Ela te faz inteiro e te dá a mão no fim do show, da padaria, da roda de samba, do shopping center e te deixa conduzir a coisa toda. A sua melhor metade gosta de te ver dormindo e dorme junto ou do outro lado do mundo pensando em você. Ela é meio suave e calma, meio nostálgica e todas essas coisas que você já sabe de cor. A sua melhor metade, na verdade, é como essa canção de ninar que você toca toda noite. Boa noite, meu bem.


-E se eu for embora?
-Eu vou atrás.
-E se eu for mais rápida, estiver de tpm, enlouquecer, quiser fugir e você nunca mais me achar?
-Eu te acho, pequena. Não importa como, eu te acho.

A toast to never

"if you close the door, the night could last forever,
leave the wineglass out and drink a toast to never..."

Sentou no único banco que restava. Um rapaz tinha acabado de levantar e ela correu, desastrada, esbarrando em malas e pessoas no caminho. Sentou, colocou o fone de ouvido. Fechou os olhos. O shuffle parece sempre querer lhe dizer alguma coisa, será que isso só acontece com ela? As músicas sempre fazem sentido. Nunca toca Coldplay em dias alegres ou Little Joy em dias tristes. Abriu os olhos. Observou a multidão que passava. As pessoas sempre passam, andam, correm. Pra onde? Pra quê? Suspirou fundo. Melancolia, sua velha amiga, sempre presente. Hoje não seria diferente. Hoje, terceiro dia desde o dia da decisão que tomou, acreditando que sua vida iria mudar pra sempre. Pra sempre? Mas como é exagerada, dramática, vê se se aquieta, menina. "Viva o hoje, que o ontem já foi e o amanhã ninguém sabe se vem", diria sua mãe. E adianta dizer? Não, não adianta. Ela é assim, exagerada, dramática, ansiosa, não adianta pedir que não vai se aquietar. Lembrou dela mesma, ali, três dias antes daquele. O sorriso dela, o sorriso dele, o reencontro, as inúmeras possibilidades. As vontades, os desejos, os sonhos. E o frio na barriga. O abraço apertado. O "você não faz ideia de como eu senti sua falta". E puff!, o pensamento se esvaiu. Abaixou a cabeça, trocou de música, limpou o cantinho do olho. Chorar no aeroporto fica feio, para com isso. Olhou pra frente e viu um casal discutindo. Sentiu inveja. Inveja? De gente discutindo? Desde quando, menina? Inveja dos dois ali. Inveja de todas as relações, de todos os sentimentos, de todas as sensações de verdade. Ali, os dois, discutindo, representando tudo o que um casal pode representar. Ele gritava, ela pedia pra ele falar baixo. Tão humanos, tão reais, tão casal. Sabe como? "Nos deseamos y hasta a veces sin motivo y sin razón, nos enojamos..." Nada mais casal do que brigar. Reconciliar. Se chatear, bater a porta, voltar atrás. Isso em relacionamentos de verdade. Não naqueles relacionamentos criados pela cabeça da gente, situações da cabeça da gente. Quase um amor virtual. "Mas você se entrega demais, para com isso!", dizem suas amigas. Mas ela não consegue. Não consegue, não adianta. Se apaixona, desapaixona, faz besteiras, toma decisões, se arrepende. E no meio disso tudo, já se entregou, já amou, desamou, sofreu. E de novo, e de novo, e de novo. Viu o casal que discutia se abraçando e se beijando. Sorriu um sorriso triste. Por tudo o que não foi e poderia ter sido, por tudo o que poderia ter sido e não foi. E levantou do banco, que a moça do alto-falante chamava pelo seu vôo. "Toma jeito, menina", pensou. Aquela cidade, nunca mais.

sábado, 19 de maio de 2012

Compreender

Sempre tive facilidade de escrever sobre o amor. Não simplesmente por ter sido acostumada a conviver com ele, mas por ter sido educada para amar. Vivi recebendo amor, cultivando amor, esperando amor. E nos momentos em que o esperei e não o recebi, fiquei confusa, triste...
O que sou sem amor? O que fui sem amor? Nada, nada.
Vivi esperando o que tenho hoje. O amor que sinto, a segurança que sinto e a realização de, de fato, ser amada. Amor em tese, amor na prática, sereno, absoluto.
O estar só, o "não-amar" ou o amar pela metade, como já disse várias vezes, vejo hoje, nada mais é do que a preparação para o que vem depois, o amor de verdade. E ele veio.
No exato momento em que deixei de acreditar em alma gêmea, príncipe encantado, na outra metade da laranja, no momento em que me conscientizei de que para receber amor é preciso estar pronta, entendi tudo. Claro, como nunca tinha pensado nisso antes? Amamos e recebemos amor como seres imperfeitos que somos. Precisamos de amor porque somos pedaços, precisamos ser completos. Não para que nos tornemos perfeitos ou para que tentemos mudar ninguém, mas simplesmente para nos completarmos.
Digo hoje, com esse sorriso que me acompanha, de peito aberto, sentindo todos os sentimentos juntos, todos os que acompanham o amor: tudo está do jeito que deve estar. Tudo acontece do jeito que deve acontecer. Os clichês "nada é por acaso", "tudo acontece no seu tempo certo" e muito além deles: hoje eu sou o encantamento. Sou a certeza. Hoje eu sou o amor.
Rodrigo Mazzeo, eu amo você.