quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Sobre sentimentos

Apesar dos sorrisos marcarem-lhe o rosto, fracassos e lágrimas marcavam-lhe a alma. Mesmo assim continuava sua caminhada porque o importante era sentir, era ter aquele sentimento latejando, pulsando. 
Emoções à flor da pele, toques que fazem estremecer, respiração ofegante. Isso a fazia sentir. Isso a fazia sonhar. Não era boa com realidades profundas, apenas com sonhos indiscutivelmente supérfluos: um sorriso, uma valsa, aqueles versos de encher qualquer olhar de admiração. Inocente criança num corpo de mulher. 
Assim era seu mundo colorido, na inocência e necessidade de sentimentos urgentes. E se entregava com tenacidade. E se entregava com veracidade. Acreditava que, além do sentimento, aqueles corpos eram sólidos nas suas vontades, desejos, libido. 
Aquilo era um romance, um enredo; amor eterno com intimidade. Todo amor é eterno, por que aquele não seria? 
E quando ficou longe? Ficou travada na garganta a palavra "saudade". Orgulho? Medo? Uma interrogação, nenhuma resposta. Talvez um escudo, um caminhar, uma tentativa de seguir em frente sem lamentações. 
Boas lembranças, somente boas, guardadas na memória e no coração que pesava de saudade. Saudade da pele, do cheiro, da palavra, do gosto. Fatos além da química, da física e até mesmo da língua portuguesa. Como expressá-los em palavras? Tarefa impossível. Saudade. 
E quando tudo voltou ao normal, após o que pareceram séculos de colo, lágrimas e sensações ruins; o suspiro de alívio e o abraço de reencontro. É o que fica. Nesta ciranda poética de lembranças e esquecimentos só resta dizer: viver. Pulsar. Murmurar. Apaixonar. Desistir. Voltar atrás. Tocar. Amar. Entregar. Verbos que dariam uma boa prosa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário